Baixo rendimento escolar.
Mais uma entrega de boletins e o que
ouvimos, a culpa pelo baixo rendimento escolar do meu filho(a) é da escola. Mas
afinal, qual é o papel das famílias?
Uma família tem por obrigação
acompanhar o rendimento escolar dos filhos e não apenas aguardar o final de
cada trimestre, bimestre, ciclo, semestre para saber dos resultados e sim
exigir dos filhos que apresentem avaliações aplicadas.Desculpas e mais desculpas
são ditas nas entregas de boletins: eu trabalho e não tenho como acompanhar
todo tempo meu filho, ou ela passa muito tempo na internet e acho que está
estudando ou o que faço com ele que não estuda? Nós educadores não temos
receitas de como criarem vossos filhos e nossa missão é ensinar, agora a
responsabilidade de acompanhar, cobrar bons rendimentos, comportamento,
educação, organização é da família com ou sem tempo.
Temos também uma gama de pais que
dizem: os professores deveriam facilitar mais nas provas e exigir menos, pois a
cobrança é elevada para com nossos filhos (com exceções em tudo o que está
escrito, pois temos excelentes pais que acompanham cada passo de seus filhos) e
a resposta é - o Senhor acha que o mundo do mercado vai pegar leve com seus
filhos? Universidades vão avaliar condições financeiras ou que a família
trabalha muito e não teve tempo de acompanhar aprendizagem?
Que futuros queremos afinal para esses adolescentes?
Protegê-las como os pais estão fazendo não é o caminho ideal e escola não tem
como resolver todos os dramas familiares. Cada um deve exercer seu papel social
(a escola ensina e os filhos devem estudar, pesquisar, rever conteúdos, pensar
menos no celular, namoro, festas, msn e este controle compete aos pais).
“O artigo de Clark, escrito a pedido da rede de TV
CNN, tem com o título “O que os professores realmente querem dizer aos pais”.
Na visão de Clark, os pais vêm transferindo suas responsabilidades para a
escola, sem, contudo, aceitar que seus filhos se submetam de fato às regras da
instituição. Por isso, assim que surge a primeira nota vermelha ou uma
advertência, invadem a sala de aula culpando os professores – a pretexto de
preservar a reputação e o orgulho de seus filhos.
Em entrevista à revista Veja,
perguntado sobre qual o comportamento dos pais irrita os professores, Clark
respondeu da seguinte forma: “Acho que o ponto principal são as desculpas que
os pais criam para livrar os filhos das punições que a escola prevê. Se um
aluno tira nota baixa, por exemplo, ou deixa de entregar um trabalho, os pais
vão à escola e descarregam todo tipo de desculpa: dizem que o filho precisava
se divertir, que a escola é muito rigorosa ou que a criança está passando por
um momento difícil. Ou, ainda, culpam os professores, dizendo que eles não são
capazes de ensinar a matéria. Mas nunca culpam seus próprios filhos. É muito
frustrante para os professores ver que os pais não querem assumir suas
responsabilidades.
Primeiro. Os pais precisam saber que
são eles os principais responsáveis pela educação de seus filhos, e não os
educadores. Um dos terríveis males que assola a família moderna é a tentativa
dos pais em “terceirizar” a educação dos filhos, passando para outros a
responsabilidade que compete somente a eles. Percebemos claramente a
transferência da educação para o governo, escolas, creches, babás, avós, filhos
maiores e até mesmo para a igreja. Alguns, pior ainda, jogam a responsabilidade
para a “babá eletrônica”.
Como adverte Içami Tiba: “Esses pais
cobram da escola o mau comportamento em casa: “O que vocês estão fazendo com o
meu filho que ele me respondeu mal?” Ou: “A escola não o ensinou a respeitar
seus pais” Até parece que quem educa é a escola e cabe ao pai e à mãe uma
posição recreativa” . O escritor diz ainda que “para a escola, os alunos são
apenas transeuntes psicopedagógicos. Passam por um período pedagógico e, com
certeza, um dia vão embora. Mas a família não se escolhe e não há como mudar de
sangue. As escolas mudam, mas os pais são eternos” .
Segundo semestre é sinônimo de ‘correr atrás do tempo perdido’
O segundo semestre letivo é sinônimo de
‘correr atrás do tempo perdido’ para os alunos com baixo rendimento escolar.
Faltando poucos meses para o encerramento das aulas, é preciso determinação e
esforço para evitar a temível reprovação.
O que muitos
pais não percebem, no entanto, é que notas baixas podem significar dificuldade
de aprendizagem, um distúrbio que pode ser gerado por uma série de problemas
cognitivos ou emocionais, afetando diversas áreas do desempenho escolar.
Para o
coordenador de ensino médio Paulo César Araújo de Santana, o acompanhamento dos
pais é extremamente importante e insubstituível. ”É preciso existir uma
sintonia entre o aluno, os pais e a escola para se conseguir avanços. Claro que
não se pode confundir preguiça com dificuldade em aprender; ninguém tem a
obrigação de tirar boas notas, mas sim de estudar”, ele diz.
Segundo ele, os pais precisam exigir
mais dos filhos e não ter medo de impor limites. “Para o adolescente é muito
agradável assistir televisão, passear no shopping, gastar horas em sites de
relacionamento... mas eles têm que ser chamados à sua responsabilidade”.
Uma
alternativa muito utilizada pelos pais na hora de “chamar os filhos à sua
responsabilidade” é o castigo físico ou material. A coordenadora pedagógica
Thiciane Anjos Nascimento defende que a agressão física é totalmente
ineficiente.
“Dizer para
a criança que ela ficará sem usar o computador ou assistir televisão por um mês
também não adianta. Se não for explicado o porquê do castigo ela não saberá o
que fez de errado. O diálogo é sempre a melhor forma para alcançar conquistas”.
Motivação
Adolescentes
com dificuldades de aprendizagem geralmente apresentam desmotivação e incômodo
com as tarefas escolares gerados por um sentimento de incapacidade, que leva à
frustração. Neste caso, a orientação da coordenadora é de "valorizar
o que a criança sabe para fortalecer sua autoestima".
Mostrar para
o adolescente o quanto ele é bom em tarefas na qual ele tem habilidade e
incentivá-lo a desenvolver outras tarefas nas quais ele não é tão bom, é
fundamental. Criar um ambiente adequado para que ele desenvolva o estudo e estabelecer
limite de horários para a realização das tarefas são outras dicas importantes.
Paulo afirma
que problemas de aprendizagem podem ser causados também por uma simples
preferência por determinadas disciplinas ou assuntos. "Nestes casos um
professor particular pode, muitas vezes, resolver o problema", diz ele. “O
ideal é que o aluno sempre preste atenção, anote tudo durante a aula e,
principalmente, estude em casa, no mínimo quatro horas diárias”.
A correria e
tensão da vida profissional muitas vezes desmotivam ou até mesmo impedem os
pais a acompanharem as atividades diárias dos filhos. Uma alternativa é
contatar a escola via telefone ou e-mail; algumas escolas possuem website e
agendas eletrônicas para consulta. “É ótimo, sempre que possível, perguntar
como a criança ou adolescente passou o dia, o que foi aprendido, dar uma olhada
nas atividades. Eles gostam de mostrar o que aprenderam e é incentivador
receber elogios”, diz Thiciane.
Mas a motivação maior precisa vir do
próprio aluno. Segundo Paulo, é preciso estar disposto a melhorar e encontrar
meios de fazê-lo. “O aluno precisa privar-se de algumas coisas. É tudo uma
questão de prioridade! Ele precisa entender que a única coisa certa que terá na
vida virá com o estudo”.
Um exemplo
de determinação é o estudante Marcelo Costa Paes, de 15 anos. Pretendendo
cursar Medicina, ele estuda tudo no primeiro semestre para “se ver logo livre
no fim do ano”. “Não gosto muito de estudar, mas sei que é importante e quero
ser alguém na vida”. A mãe de Marcelo, que cursa o primeiro ano do ensino médio
e estuda no mínimo três horas por dia, está sempre presente: “Ela está presente
em todas as reuniões da escola e sempre me motivou bastante”.
Acompanhamento
psicopedagógico
Se os pais acreditam que seu filho apresenta
dificuldades de aprendizagem, devem procurar um profissional para receber as
orientações.
Neste caso,
os psicólogos com especialização em clinica infantil, são os profissionais
adequados para realizar uma avaliação e tratar da criança, se o problema for
gerado por fator emocional. Caso o diagnóstico da criança for dificuldade
cognitiva, a criança deve ser encaminhada para um psicopedagogo que poderá
ajudar no desenvolvimento dos processos de aprendizagem.
Para obter
resultados concretos é preciso ser feito um trabalho em conjunto entre pais,
psicólogos, escolas e professores, que deverão estar envolvidos com um único
objetivo: ajudar a criança e o adolescente. E é imprescindível que os pais
conheçam seus filhos e conversem frequentemente com eles para que possam
detectar quando algo não vai bem.
Por Marianne
Heinisch e Aldaci de Souza